Estava uma linda tarde de sol. Era no inicio da Primavera e o seu astro preferido brindou-as com um dia morno e agradável.
“Vamos tomar café?”
“Vamos. Mas vamos a um sítio daqueles bonitos, que tu gostas.”
“Então bora tomar café ao Cais!”
Lá foram frescas e fofas, enfiadas no Renault Cinco amarelo, tomar café à zona in da cidade. Chegadas ao Cais, Carina Vanessa e a Liliana Cristina, não hesitaram em escolher o café mais chique que encontraram. Empinaram o nariz, puxaram as calças para cima (escondendo a cueca que teimava em mostrar-se a todos), e entraram feitas madames.
Não eram propriamente meninas de bem, trabalhavam numa fabriqueta de collants
“Eu queria um café, sãs favor.”
“E eu uma garrafa d’água fresca. Sem gás, que essas coisas fazem-me mal ao estrogamo!”
Sentaram-se tentando parecer naturais num meio que não era o seu. Seguras da sua posição de clientes de café da moda, sacaram das suas leituras. Carina trouxe a Maria e Liliana o Guia Astral.
Os clientes (verdadeiramente) assíduos lá do sítio, observam estas duas aves raras com desconfiança e inquietavam-se nos seus lugares de modo a absorver o máximo de informação sobre as personagens.
Elas continuam nas suas poses de bem, copiadas das revistas cor-de-rosa que compram todas as segundas. Falam e riem a alto e bom som, porque nas duas cabecinhas oxigenadas, gente rica fala e ri assim.
Quando “finalmente” chega o empregado, vem com uma bandeja branca, com uma série de copos e pratinhos, chocolate, açúcar de vários tipo, guardanapo e colher.
“Olha lá… uma pessoa espera um século para ser atendida e ainda te enganas no pedido??”
O empregado, estupefacto, alterna o seu olhar entre as madames e o tabuleiro.
“Mas… as senhoras desculpem… mas não pediram café?”
“Dahhh, se sabes para que trouxestes isso?”
“Mas é assim que servimos o café…”
“Cambada de intrujões! É por isso que dizem qu’isto aqui é caro… Espetam-nos com essas merdices todas e depois temos que pagar tudo… Ó filha, vamos embora que num ando a trabalhar p’alimentar marmanjões deste tamanho!”
“Mas….”
Disparam café fora sentindo-se muito espertas por descobrirem o esquema dos cafés caros. Quando chegaram ao bairro contaram o feito a todos com quem se cruzaram.
No dia seguinte, quando foram comprar moletes, voltaram a repetir a história para quem quisesse ouvir.
Sabemos que não foi bem assim... Mas adorei reiventar o sucedido... Bons tempos...
Adoro as saídas só de gajas! A conversa é sempre leve, divertida e cheia de lições de vida. Além disso, quando pensamos ...
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